Tem os olhos rasgados de dor e os lábios com feridas de amor. O sorriso é do mais falso e do mais hipócrita que existe mas a força dela ultrapassa qualquer obstáculo. Juro. O cabelo está baço de tanta que é a angústia e o tremer da mão acompanha o nervoso miudinho que lhe cresce na barriga quando a cabeça a faz relembrar tudo aquilo que não devia. As lágrimas de sofrimento estão guardadas na bolsinha mais funda da mala de mão. Havia prometido que não voltavam a cair a não ser que a mala se rasgasse. Mas o que rasgou foi a cicatriz da ferida quando ela viu aqueles lábios, que outrora tinham sido seus, a beijar outra. A cicatriz rasgou quando viu que mão dele já não se moldara mais ao seu corpo, mas sim à forma do corpo dela. Doeu tanto!
"Afinal não fomos feitos um para o outro" - pensou ela. E enquanto divagava nesse pensamento doloroso que a invadia e a corroía por dentro, as lágrimas -(as tais de sofrimento)- ardiam-lhe no rosto, espicaçando-lhe as bochechas e coração gritava de tão triste. Um dia alguém disse : e o amor morre numa altura em que já ninguém morre por amor.